O que se passa no caminho" é uma performance de dança e canto que busca transformar lugares inusitados (trem, metrô, ruas, espaços públicos e de passagem) em um espaço não-cotidiano de troca e reflexão entre o grupo e as pessoas que passam.
A Cia. da Estrela nasceu do encontro das três artistas Luciana Cah, Mônica Lopes e Natália Telles, que buscam em seus trabalhos pesquisas semelhantes em relação à qualidades de presença, compartilhamento, e o espaço entre esses dois estados. O que deu origem a algumas reflexões com relação ao espaço entre dois lugares, o "caminho entre", e a vontade de transformar essas reflexões em cena. As três possuem formação em dança, teatro, improvisação, a linguagem do palhaço e música/canto.
Para poderem ter a liberdade de experimentar esses estados, improvisar cênicamente a partir de um eixo, sentiram a necessidade de uma base criada pela música, e por isso convidaram o violonista Thiago Fratuce Pimentel para pesquisar por meio de seu instrumento essas mesmas questões compartilhadas por elas.
Fotos da apresentação no Centro Cultural Rio Verde Outubro de 2010
Temos como objetivo apresentar essa performance
“ O que se passa no Caminho” em lugares de grande circulação, de passagem, e interagir com as pessoas que circulam por esses espaços de fluxo, onde saem de um lugar para outro, despertando um estranhamento, um olhar menos automático, mais sensível e poético.
Para experimentar esses estados partimos da pesquisa de B.M.C.(Body Mind Centering) para entender essas questões em nosso corpo. O B.M.C. é uma técnica que proporciona experimentar estados corporais relacionados a seus sistemas, despertando assim em quem o experimenta qualidades corporais distintas (sistema esquelético - direção, clareza; sistema muscular - tônus, ação, por exemplo).
Escolhemos trabalhar com o sistema circulatório pela semelhança de fluxo no trajeto, pela relação centro-extremidade, extremidade-centro, caminhos, pelo centro que bombeia (coração), por ser fluido, por passear, pelas linhas traçadas no corpo (internamente) que se assemelham aos caminhos traçados por onde passamos (externamente): ruas, trilhos, estações, ou mesmo na relação entre as pessoas (o que sai de mim traça um caminho até o outro, o caminho onde a comunicação se faz).
Esses estados corporais experimentamos através da dança.
Temos também como treinamento as técnicas de respiração do Aikidô, que nos ajudam a estar presentes/conscientes em nosso corpo, e que também traça caminhos: o ar que sai de mim ou entra em mim e estabelece comunicação, em troca constante e fluida, e que pode ter qualidades diferentes dependendo do "corpo de passagem" por onde circulou, do ponto de partida ou de chegada. Nossos estados emocionais modificam ritmo, ou intensidade, qualidades de nossa respiração.Ao encontro desse elemento trazemos a voz (falada ou cantada) como um preechimento mais perceptível na forma sonora da relação existente entre mim e fora de mim.
Portanto temos a voz tanto como pesquisa de sonoridades, e qualidades sonoras em relação aos estados corporais/emocionais, quanto como temática e poética, através de canções e/ou textos inspirados pela vivência dos caminhos.
Assim como na vida, embora façamos talvez todo dia o mesmo trajeto, é sempre diferente, é sempre um novo dia, com relação aos nossos estados físico/emocionais como com coisas que possam nos surpreender a cada instante. Portanto, improvisamos...
A performance "o que se passa no caminho" busca trabalhar com questões referentes à presença e compartilhamento, e o que se passa no trajeto entre esses dois estados: entre o ir e o vir, entre o eu e o outro, entre um lugar e outro, tendo como "lugar" tanto lugares físicos e objetivos quanto lugares emocionais, subjetivos e/ou criativos.
"Cada gesto expresso por esse corpo (de passagem) tem pouca importância "em si". O que conta é o que se passa entre os gestos, o que liga um gesto a outro, e, ainda, um corpo a outro." ("Corpos de Passagem" Denise B. Santana)
para vivenciar essa qualidade de presença, para me relacionar com o inesperado, com o desconhecido, o inusitado. Como exercício dessas qualidades usamos a técnica da linguagem do palhaço/clown, que nos chama para essa conexão entre nosso corpo e nossa mente, para uma presença expandida, dilatada e permeável, que só se faz na relação com o outro, na troca dos olhares, das enegias, que só acontece se o caminho for puro e verdadeiro, nos tirando de estados padronizados e nos levando para o sutil, para o consciente. Do cruzamento dessas linguagens e pesquisas, e de nossas presenças, e nosso fazer artístico, realizamos essa performance “ O que se passa no Caminho” como um simples ato poético que se instaura em um momento e um lugar, e chega para quem tiver que chegar.
"O que se passa no Caminho" - Cia da Estrela
no metrô Santa Cecília
dia 02 de agosto as 18h
"Cada gesto expresso por este corpo [de passagem] tem pouca importância "em si". O que conta é o que se passa entre os gestos, o que liga um gesto a outro e, ainda, um corpo a outro." [Corpos de Passagem - Denise Sant'Anna]
"O que se passa no caminho" é uma performance de dança e música que busca transformar lugares inusitados (trens, metros, ruas; espaços públicos e de passagem) em um espaço não-cotidiano de troca e reflexão entre o grupo e as pessoas que passam.
Intérpretes- dança: Juliana Gennari, Luciana Cah e Monica Lopes
Música: Thiago Fratuce (violonista)
Canto e palavra: Juliana Gennari, Luciana Cah e Monica Lopes
Produção do projeto no metrô: CineMagia.